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Musicoterapia e distúrbios alimentares: Anorexia, Bulimia e Compulsão Alimentar



De uma forma genérica, os distúrbios alimentares designam qualquer padrão de comportamentos alimentares que causam severos prejuízos à saúde de um indivíduo. São considerados como patologias e descritos detalhadamente pelo CID-10, DSM-V e pela Organização Mundial de Saúde (OMS). Apesar de haver outros tipos de distúrbios alimentares descritos, os principais são a anorexia nervosa, bulimia nervosa e a compulsão alimentar.

Os distúrbios alimentares na adolescência aparecem mais frequentemente, mas também podem se desenvolver durante a infância ou mais tarde na vida. O diagnóstico precoce e uma abordagem terapêutica adequada dos transtornos alimentares são fundamentais para o manejo clínico e o prognóstico destas condições.

Aproximadamente 90% dos casos são de mulheres jovens, porém recentemente verifica-se um aumento no número de transtornos em homens e em adultos de ambos os sexos. Estes transtornos atingem entre 1 e 4% da população e continuam a aumentar significativamente de frequência nos últimos anos. Este tipo de doença não difere entre género, raça, classe ou idade. Pode afetar qualquer um.

Ao contrário do que se pensa, um distúrbio alimentar não se baseia apenas em comida, e pode ter inúmeras causas que despoletam o seu aparecimento. Podem causar graves problemas físicos e pode até ser fatal. Geralmente coexistem com outras doenças como a depressão, o abuso de substâncias ou a ansiedade.

Um distúrbio alimentar pode passar despercebido por um longo período de tempo, e geralmente quando é reconhecido quem sofre com a doença nega que tem problemas alimentares.


Tratamento

O tratamento para os distúrbios alimentares geralmente envolve psicoterapia, educação nutricional, aconselhamento familiar, medicamentos e hospitalização.

De uma forma geral, as técnicas não farmacológicas permitem otimizar várias áreas de funcionamento do paciente, evitam os efeitos secundários de muitos fármacos e, se forem aplicadas por profissionais, são compatíveis com as outras técnicas.

Dentro das técnicas não farmacológicas a música tem benefícios mais específicos como referem Marti & Mercadal (2005):

  1. Pode incidir simultaneamente a nível biomédico e psicossocial. É uma modalidade de tratamento eficiente e imediata.

  2. É um tratamento não invasivo e não doloroso, ao contrário de outras técnicas médicas.

  3. A sua aplicação tem poucos ou nenhuns efeitos secundários.

  4. Esta terapia está facilmente ao dispor do cliente, permitindo-lhe que tenha uma participação ativa no seu tratamento.

De acordo com Cardoso (2010) há um efeito positivo a médio prazo da utilização da música como coadjuvante no tratamento dos clientes com distúrbios alimentares, e é necessário ter em conta a duração da intervenção, bem como o local onde se realiza a mesma. Pierini apontava já em 1999 esta hipótese: a aplicação da Musicoterapia no tratamento dos transtornos alimentares (anorexia, bulimia e obesidade) acelera o processo de recuperação.



Bibliografia

American Psychiatric Association (2013). DSM-V: Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders. Fifth Edition. Arlington, VA, American Psychiatric Association.

Cardoso, A. J. S. (2010). A utilização da Música como coadjuvante terapêutico na Saúde Mental e Psiquiatria. Porto: Universidade Fernando Pessoa.

Marti, P. & Mercadal, M. (2005). Musicoterapia: Instrumento de ayuda para las personas con problemas de salud. ROL, vol 28, nº 3.

Pierini, M. E (1999). Tesis: Musicoterapia en los Trastornos Alimentarios. Buenos Aires: Universidade de Salvador.


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