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Nutrição e Saúde Mental


Um conjunto de evidências recentes sugerem uma relação clara entre nutrição e saúde mental. A nutrição contribui para o aparecimento de problemas mentais e pode também interferir de forma significativa na sintomatologia de algumas doenças como a depressão, esquizofrenia, transtorno de défice de atenção e hiperatividade e doença de Alzheimer. Esta relação tem vindo a mostrar-se cada vez mais sólido e é possível estabelecer uma relação entre hábitos alimentares e a forma como nos sentimos e comportamos.

A dieta ocidental, da qual fazem parte doses elevadas de produtos processados (fritos, produtos de pastelaria, bolachas, guloseimas e outros produtos açucarados) está relacionada com risco acrescido de doenças mentais. Por outro lado, dietas em que os produtos processados, açucarados e fritos não são parte dos hábitos alimentares diários e onde o consumo de frutos e vegetais é privilegiado, vemos um decréscimo significativo destas doenças, o que acontece, por exemplo, na dieta mediterrânica ou japonesa onde o risco de depressão se estima inferior em 25 a 35%.

Uma dieta que proporcione quantidades adequadas de macronutrientes, micronutrientes, água e outros compostos presentes nos alimentos (especialmente frutos e vegetais) é um fator protetor da manutenção da saúde e prevenção de doença. Por outro lado, défices específicos em nutrientes podem por si só ser causa de distúrbios mentais que podem ser facilmente confundidos, como acontece por exemplo com défice em vitamina B12 em que a falta de memória, desregulação motora e dislexia, depressão são os sintomas mais comuns. Mas as relações entre nutrição e saúde mental não se reduzem a este breve exemplo e podemos acrescentar a microbiota intestinal, o perfil lipídico da dieta, conteúdo em vitaminas A, C, E, selénio e zinco.

Uma dieta saudável e personalizada pode ajudar não só na prevenção de problemas mentais como contribuir para a recuperação, diminuição da sintomatologia, minimização de efeitos adversos ou facilitar a ação da terapêutica medicamentosa utilizada em tratamentos psiquiátricos.

É muito importante o trabalho interdisciplinar no apoio à saúde mental. A sua complexidade e relação com questões quer biológicas quer sociais, leva a que faça todo o sentido a parceria de vários profissionais, psicólogos, psiquiatras e nutricionistas.

Dado o aumento de distúrbios do comportamento alimentar cada vez mais comuns, desde bulimia, anorexia, vigorexia, ostorexia e beging eating, compreendemos facilmente a necessidade de encontrar um equilíbrio entre o que são as nossas necessidades fisiológicas de alimentação e psicológicas ou socias.

É muito importante referir que os alimentos não são medicamentos no sentido de servirem apenas para nos dar saúde. Existe uma componente social e cultural da nutrição que deve sempre ser tida em conta e integrada com as necessidades nutricionais, sem necessidade de se comprometer qualquer uma das áreas. Uma alimentação saudável e equilibrada nunca deve comprometer negativamente como nos sentimos. Numa Era de “dietas da moda” fica a nota que dietas restritivas, que não conseguimos manter talvez não sejam a melhor opção. Focar as prioridades e não os pormenores na vida e na alimentação é a chave para nos sentirmos bem.


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